Mês: fevereiro 2011

Maurino Serpa

Quinta-feira, final de tarde, volto do mercado e, passando em frente à Prefeitura, vejo sentados ali na frente meu pai, seu Arão, e Maurino Serpa, ex-prefeito da cidade, funcionário da municipalidade de longuíssima data. Meu pai me saúda: “Ê, corintiano!”. Eu aproveito para cumprimentar a dupla e, num impulso, perguntar ao seu Maurino se ele não gostaria de me ajudar contando algumas histórias de Porto Belo. O amigo Ari disse-me certa vez que seu Maurino mantém diários e registra criteriosamente informações variadas. Mas ele titubeia, diz que já o procuraram com essa proposta, porém teme cometer indiscrições no campo da política. “Na emoção, posso queimar alguém”, explica. Não desisto, entretanto, e pergunto se posso visitá-lo hora dessas para conversarmos. Ele informa que, qualquer coisa, mandará recado pelo meu pai. Antes de sair, entretanto, meu pai e ele caem em reminiscências: “Tu lembra do primeiro automóvel que apareceu em Porto Belo?” “Ah, foi do seu Neném”, responde seu Arão. “Não, o primeiro nativo a ter um carro. Um carro preto, um Ford 1951, foi o Jorge Romão. O filho dele, Ricardo, vinha dirigindo”. Seu Maurino tinha uns dezesseis anos, acha que foi em 1956… E outras histórias: meu pai lembrou da vez que Cisto entrou na Câmara de Vereadores com um rifle para matar seu Neném, prefeito na época. Divertiram-se com as histórias. E eu, bem, pensei: “Tenho que entrevistar o Maurino”. Meu pai também, por que não?

“Escreve um livro pra mim?”

Ainda nesse tema das motivações. Sexta à tarde, chegando do trabalho, abraçado a três ou quatro livros, dei uma passada no banco para ver se continuava tudo no azul. Ao lado da agência, atravessando a rua, no boteco do Carlão, o Helinho e o Lipa estão sentados numa mesa, do lado de fora do bar. Há mais alguém ali, que não conheço. Sobre a mesa, alguns copos plásticos e uma garrafa dois litros de Fanta (?). A turma me cumprimenta e eu respondo, meio apressado, antes de entrar na agência. Na saída, vejo que o Lipa já está pegando a bicicleta para ir embora, ele talvez mais magro que a própria “magrela”. Aí o Hélio me sai com esta: “Dil, escreve um livro pra mim?” Pego de surpresa, faço eco da pergunta: “Um livro?”. Ele confirma. Confuso (talvez ele estivesse me confundindo com o Maninho, nosso prolífico – nos dois sentidos – poeta local), respondi que sim, faria. E tudo conspirou para que este blogue nascesse. Poderia agora responder melhor ao Helinho: “Xá comigo!”

Me dê motivo…

…para escrever num blogue. Bem, depois que acendeu a luzinha, veio o fim de semana, e conversávamos lá na casa do meu irmão, o Arão. Estavam ainda ainda o Ari, Candôco, respectivas esposas de todo mundo. Então o Arão falou de uma conversa com um morador daqui de Porto Belo (esqueci o nome), que morou na ilha João da Cunha um tempo e tinha histórias de sobra para contar. Sobre a cidade. Arão disse que comentou a respeito do livro que eu havia escrito, sobre Bombinhas, com a Janaína Venturelli, jornalista, que comentou: “É preciso gravar isso” (as histórias do sujeito). No meu caso, pensei, é preciso escrever. E o antigo projeto de um livro sobre PB voltou a exigir atenção. Este blogue serve pra isso, penso, instigar a escrever e, quem sabe, desengavetar o projeto.

Não é que o Toni me deu uma boa ideia?

Pois é. Plena segunda-feira, fechamento na redação da Photos e o Toni me sai com esta: “Tá na hora de tu fazer um blogue” (ou algo do gênero). Com a má vontade que me caracteriza (especialmente às segundas), resmunguei que não havia nada interessante a escrever. Pois bem, mudei de ideia, e isso por conta de mais duas coisas, que conto depois.

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén